Queimadas, tempo seco e temperaturas altas: veja como os fenômenos no Brasil estão relacionados

14/09/2020 15h07


Fonte G1 PI

Imagem: Amanda Perobelli/ReutersJacaré é visto morto depois de incêndio no Pantanal em Poconé (MT), no dia 31 de agosto.(Imagem:Amanda Perobelli/Reuters)Jacaré é visto morto depois de incêndio no Pantanal em Poconé (MT), no dia 31 de agosto.

Queimadas, tempo seco, má qualidade no ar e temperaturas altas: várias regiões do Brasil têm sofrido com ao menos um desses problemas nos últimos dias. Mas como eles estão relacionados? Veja abaixo:

Queimadas
As queimadas vêm atingindo, principalmente, dois dos biomas brasileiros: a Amazônia e o Pantanal.

Só no Pantanal, onde equipes combatem as chamas há mais de um mês, especialistas calculam que ao menos 12% do ecossistema tenha sido destruído.

Além da destruição do bioma, os incêndios já feriram ou causaram a morte de vários animais.

No combate às chamas, ao menos um brigadista morreu: Welington Fernando, de 41 anos. Ele trabalhava como servidor do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio) e teve 80% do corpo queimado enquanto tentava salvar animais de um incêndio em Chapadão do Céu, sudoeste de Goiás.

Ar poluído e chuva "preta"

A fumaça das queimadas também contribuiu para a poluição do ar em várias partes do país e pôde ser vista, por exemplo, em Curitiba, segundo a Somar Meteorologia, a mais mil quilômetros dos focos de incêndio no Pantanal.

No Rio Grande do Sul, moradores coletaram água de chuva "preta" depois que a fumaça das queimadas, que já haviam atingido Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegaram ao sul do país.

"Quando tem muita fumaça, ela proporciona essa chuva escura. Os aerossóis, como a fuligem de fumaça, servem como núcleos de condensação para as nuvens de chuva", explicou Catia Valente, da Somar Meteorologia.

Tempo seco

O tempo seco contribui para o alastramento das queimadas. Neste ano, o Pantanal enfrenta uma estiagem recorde: é o maior período de seca em 47 anos. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) já apontavam que o La Niña, fenômeno cuja principal característica é o resfriamento do Atlântico, poderia causar uma seca histórica no bioma.

Com menor área inundada na planície pantaneira, há mais área para servir de "combustível" para o fogo. O vento também agrava o espalhamento dos incêndios.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) tem alertas de baixa umidade, com perigo de incêndio e riscos à saúde, nos seguintes estados e regiões:
  • Mato Grosso
  • Tocantins
  • Goiás
  • Distrito Federal
  • Quase todo o estado de São Paulo (exceto o litoral)
  • Sudeste e sudoeste do Pará
  • Norte de Mato Grosso do Sul
  • Oeste, sul e norte de Minas Gerais
  • Sudoeste, norte e oeste da Bahia, além da Chapada Diamantina
  • Centro-norte, sudeste e sudoeste do Piauí
  • Sertão, sul, Cariri, centrossul e Jaguaribe do Ceará
  • Sertão da Paraíba
  • Oeste, leste, sul e centro do Maranhão
  • Sertão de Pajeú e do Araripe de Pernambuco e São Francisco pernambucano
  • Centro e oeste do Rio Grande do Norte.
Segundo o Inmet, a umidade relativa do ar deve variar de 12% a 20% nesses locais.

Por causa dos baixos índices, o instituto pede que as pessoas bebam bastante líquido, mantenham a pele hidratada, evitem exposição ao sol nas horas mais quentes do dia, hidratem a pele e mantenham o ambiente umidificado. Atividades físicas não são recomendadas.

A ocorrência do La Niña contribui para o tempo seco no Sul do país, enquanto torna as chuvas mais frequentes no Norte e Nordeste: Acre, Amazonas e Roraima estão sob alerta de chauvas intensas, segundo o Inmet.
Temperaturas altas

Além do tempo seco, temperaturas acima da média têm sido vistas em várias partes do país.
Cuiabá bateu o recorde de calor em mais de 100 anos, registrando 42,7ºC no domingo (13). A capital mato-grossense também teve umidade do ar baixíssima: 7%.

No sábado (12), São Paulo registrou a tarde mais quente do ano, com 34,1ºC, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). A máxima superou os 33,7ºC registrados no dia 1º de janeiro. A temperatura está muito elevada para a época: segundo o CGE, a média das máximas para setembro é de 25,6ºC.


Tópicos: tempo, seco, queimadas