Estudantes ocupam prédio histórico em Teresina para impedir demolição

03/07/2015 08h07


Fonte G1 PI

Imagem: Catarina Costa/G1Segundo a Prefeitura de Teresina, imóvel é tombado.(Imagem:Catarina Costa/G1)Segundo a Prefeitura de Teresina, imóvel é tombado.

Indignados com a destruição de prédios históricos no Centro de Teresina, estudantes de arquitetura ocuparam na noite dessa quarta-feira (1º) uma das casas ameaçada de demolição. O imóvel tombado como patrimônio fica localizado na rua Félix Pacheco e, segundo o grupo, a intenção é derrubá-lo para servir de estacionamento. O dono da casa não foi encontrado para comentar o caso.

O representante dos estudantes, Jimmy Charles, conta que a ideia de ocupar o prédio começou após defensores do patrimônio histórico iniciarem uma campanha nas redes sociais #Thesente, com o objetivo de sensibilizar os teresinenses sobre a perda da identidade da cidade.

Imagem: Catarina Costa/G1Clique para ampliarGrupo ocupou o casarão histórico no Centro de Teresina.(Imagem:Catarina Costa/G1)Grupo ocupou o casarão histórico no Centro de Teresina.

"Esta casa era bastante visitada, pois servia de referência para estudantes de arquitetura sobre a edificações antigas da cidade. Ano passado, a proprietária faleceu e os familiares venderam o imóvel para um dos polos de saúde da rua. No último fim de semana uma integrante do grupo viu uma movimentação no local, confirmou com os moradores a demolição deste patrimônio e publicou o caso na rede social",
contou.

Após fazer vídeos e publicar fotos de prédios históricos destruídos, o grupo ganhou apoio de artistas, arquitetos e populares. Para Jimmy Charles, a ocupação da casa foi uma forma de reagir e despertar nas pessoas o sentimento de pertencimento.

"Ao ocupar a casa, vimos que ela estava no ponto de ser demolida, pois as janelas e portas foram retiradas, além de parte do teto arrancado. Infelizmente, a fiscalização da Prefeitura de Teresina só acontece depois que o prédio é destruído e o proprietário é obrigado a pagar uma multa irrisória. A sociedade perde, a cidade é nossa casa e eles estão destruindo",
ressaltou.

Para o estudante de arquitetura Luan Rusevell, o grupo #Thesente espera que a causa sirva de marco inicial de um protesto e uma reforma na lei de patrimônio histórico de Teresina.

Imagem: Catarina Costa/G1Clique para ampliarGerente de patrimônio, Airton Gomes, da Fundação Cultura Monsenhor Chaves.(Imagem:Catarina Costa/G1)Gerente de patrimônio, Airton Gomes, da Fundação Cultura Monsenhor Chaves.

"Vamos evitar que as demolições se perpetuem. Esperamos que o responsável pela destruição desta casa seja responsabilizado judicialmente, porque é crime contra o patrimônio histórico, e que ele seja reapropriada pelo município para servir em prol da população. A ideia é usar o local para visitação para saber a sua importância arquitetônica",
declarou.

Os estudantes prometem ficar na casa até a Prefeitura de Teresina garantir que ela não será destruída. Na tarde desta quinta-feira (2), os estudantes promovem um sarau, com exposições, oficinas no local.

Providências
O gerente de patrimônio Airton Gomes, da Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves, informou que a coordenação realizou duas vistorias na casa e comunicou o caso a Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro-Norte, Ministério Público e Procuradoria do município.

"Toda demolição no centro histórico de Teresina é proibida por um decreto municipal. A casa na rua Félix Pacheco é tombada, está na lei, então o proprietário será notificado e a demolição embargada. A ocupação cultural promovida pelos estudantes é pertinente",
comentou.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismmo, Batalhão Ambiental, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (CREA-PI) e Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí, também se posicionaram contra a demolição da casa.

Imagem: Catarina Costa/G1Segundo estudantes, casa estava sendo preparada para ser demolida.(Imagem:Catarina Costa/G1)Segundo estudantes, casa estava sendo preparada para ser demolida.

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