Alunos acusam professor de racismo e tentam ocupar sala de aula na UFPI

08/12/2016 08h37


Fonte G1 PI

Imagem: Ellyo Teixeira/ G1Alunos aguardam a saída do professor Ramon Lemos.(Imagem:Ellyo Teixeira/ G1)Alunos aguardam a saída do professor Ramon Lemos.

Uma confusão entre alunos do movimento Ocupa UFPI e um professor do departamento de filosofia identificado como Ramon Lemos movimentou a Universidade Federal do Piauí na tarde desta quarta-feira (7). Segundo os manifestantes, o protesto é uma reação aos comentários supostamente preconceituosos feitos pelo professor.

De acordo com a estudante de jornalismo Joana D’Arc, já houve vários comportamentos ilegais que causaram a insatisfação dos alunos presentes na manifestação. “Os estudantes se organizaram revoltados com esse professor machista e racista, que durante todas as suas aulas escracha com as pessoas, inclusive com negros e homossexuais”, disse.

De acordo com a aluna Stacy Lemos, no sábado (3) o professor chegou a agredir um estudante durante uma palestra no auditório Noé Mendes. A universitária conta que o docente também barrou a entrada de integrantes do movimento Ocupa UFPI.

“Ele barrou a nossa entrada, afirmando que cobraria o valor de R$ 50 se a gente quisesse participar da palestra, mas ele não poderia fazer isso, afinal qualquer espaço dentro na universidade é público. Ele até machucou a mão de uma aluna que queria permanecer no auditório”, contou a estudante.

Ainda segundo a Stacy Lemos, ela teria salvo postagens em que o professor é racista e machista com os alunos do movimento.

“Ele chegou a chamar uma aluna de preta burra e dizer que ela jamais teria capacidade intelectual de para discutir com ele”, contou.

Na contramão do movimento, a estudante de pedagogia Ticiane Carvalho discordou do protesto e negou que tenha ocorrido qualquer tipo de comportamento anormal por parte do professor, como foi citado pelos manifestantes.

“O professor sempre está presente nas nossas reuniões, é muito educado, principalmente com as meninas. Eu tenho amigas que são alunas dele e que sempre falam do seu bom compartamento e cordialidade. Esse movimento se chama um assassinato de reputação”,
disse.

O estudante de jornalismo Francisco Carlos da Silva Sousa foi outro que defendeu o professor. O universitário estava dentro da sala no momento em que a manifestação começou e afirma que o docente é um dos professores mais centrados da universidade.

“Não concordamos com o movimento, o que está havendo é uma perseguição politica e ideológica com o professor. Eu estava dentro da sala quando os manifestantes quiseram invadir. Eles bateram na porta e eu avisei pelas redes sociais que dentro da sala haviam crianças e outros docentes que estavam desesperados e chorando. Eles não quiseram ouvir e continuaram a gritar, chamando o professor de machista e racista”,
finalizou.

Durante toda a confusão, agentes da Polícia Federal e um delegado estiveram presentes para tentar dialogar com os alunos. O G1 tentou conversar com o professor Ramon Lemos que permaneceu trancado na sala e se negou prestar esclarecimentos.

Nota de esclarecimento

Por meio de nota, o reitor da Universidade Federal do Piauí, José Arimatéia Dantas Lopes, informou que a reitoria sempre manteve a postura de dialogar com os estudantes e que o fato ocorrido nesta quarta-feira (7) no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL) ultrapassou o limite do tolerável, por isso tomará providências. Confira a nota na íntegra:

“Desde que assumimos a reitoria, nós adotamos uma gestão democrática, uma postura dialógica em todos os seguimentos e nunca deixamos de atender quem quer que seja. Recentemente tivemos a ocupação do Salão Nobre e de algumas salas adjacentes da reitoria e continuamos com a postura dialógica, tanto que a desocupação se deu depois de uma audiência de conciliação na Justiça Federal, onde assinamos um acordo e nele ficou acertado que não iriamos criminalizar ninguém pelo fato de estar participando no movimento. Isso é uma clara demonstração da postura democrática da nossa gestão, respeitamos o direito de manifestação e as opiniões contrárias, mas não podemos tolerar os excessos e nem admitir ameaças à integridade física de quem quer que seja e nem podemos admitir depredação do patrimônio.

O fato ocorrido hoje no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL) ultrapassou os limites do tolerável, por isso nós tivemos que tomar providências para que o desfecho não fosse grave e nós vamos continuar agindo dessa forma, postura dialógica, mas sem admitir excessos como de hoje. Queremos deixar claro para toda a comunidade acadêmica que não iremos mudar nossa maneira de administrar”,
disse o reitor da instituição José Arimatéia Lopes.

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