Operação apreende carros roubados vendidos por até R$ 6 mil no PI e BA

22/12/2014 08h17


Fonte G1 PI

Imagem: Joelson GiordaniClique para ampliarChassi e documentação do carro eram adulterados pela quadrilha.(Imagem:Joelson Giordani)Chassi e documentação do carro eram adulterados pela quadrilha.

Em São Raimundo Nonato, 523 Km de Teresina, é difícil encontrar quem pague caro por um carro novo. O município tem 32 mil habitantes e até nas casas mais humildes há um automóvel na garagem. O local foi uma das cidades do Piauí e da Bahia alvo da Operação Hircus, deflagrada na semana passada, que apreendeu 110 veículos roubados das grandes cidades do país, entre eles, uma BMW avaliada em R$ 140 mil.

O comerciante Eldine Maurício Pereira é um caso raro na cidade. Ele pagou R$ 30 mil pelo seu veículo, valor real do produto, mas conta conhecer pessoas que pagaram até R$ 8 mil pelo mesmo modelo. "Às vezes as pessoas ficam zombando, perguntando por que eu comprei um carro nesse valor, se eles estão compraram um carro melhor do que o meu por R$ 8 mil até R$ 6 mil", contou.

A diferença no preço é um sinal da ação de criminosos especializados em roubar e adulterar a documentação de automóveis. Carros que vêm de grandes centros urbanos são vendidos em pequenas cidades, onde não há fiscalização. As quadrilhas atuam principalmente no Distrito Federal e São Paulo, de onde trazem os carros roubados.

No interior do Piauí, os veículos roubados são vendidos por um preço bem menor que o valor de mercado e alvo são comunidades pobres como na pequena cidade de Coronel José Dias. Muitas vezes os compradores nem desconfiam que por trás do bom negócio estão veículos roubados.

"Eles chegam oferecendo, dizendo que tem um carro barato, mas não dizem que é roubado, só que é de um preço bom. Porque normalmente eles procuram moradores do interior, sabendo que estas pessoas são menos informadas para passar esses carros",
declarou o oleiro Jociane Pereira Paz Lima.

Imagem: Joelson GiordaniOperação aconteceu durante seis dias no Piauí e Bahia.(Imagem:Joelson Giordani)Operação aconteceu durante seis dias no Piauí e Bahia.

Para a policial rodoviária Darline Chagas, a maioria dos compradores age de boa fé, por conta da falta de informação que eles possuem. "Os moradores compram os veículos acreditando que é um veículo legal. Inclusive durante as nossas fiscalizações nas cidades, muitos deles chegam até nós no sentido de verificar a legalidade do veículo que comprou e assim tivemos carros apreendidos com ocorrências de roubo em outras cidades", relatou.

A Operação Hircus mobilizou mais de 100 policiais rodoviárias federais e agentes da Polícia Civil. Eles percorreram rodovias e até estradas de terra em mais de 50 cidades no Sul do Piauí e Norte da Bahia. Veículos suspeitos foram parados e revistados, mas alguns foram descobertos em propriedades rurais, como uma picape que estava numa fazenda.

Imagem: Joelson GiordaniClique para ampliarCarro de luxo avaliado em R$ 140 mil foi apreendido em operação.(Imagem:Joelson Giordani)Carro de luxo avaliado em R$ 140 mil foi apreendido em operação.

Uma BMW avaliada em R$ 140 mil foi encontrada pelos policiais em São Félix do Coribe, interior da Bahia. O carro foi roubado em maio deste ano em São Paulo. Em seis dias de operação, os policiais apreenderam 110 veículos, 60 deles com documentação falsa. Entre eles, três caminhões pipa, pagos pela Defesa Civil para levar água a famílias que sofrem com a seca.

Ainda durante a ação, 95 pessoas foram detidas. O maior desafio da polícia para acompanhar a velocidade da ação dos criminosos, é conseguir frear a sede de quem quer comprar o bem. "Nenhum dos veículos foi adquirido a força pelos moradores, que acabam aceitando porque eles são oferecidos com desconto de até 40% do valor de mercado. Nós temos que acabar com o mercado consumidor, enquanto houver consumidores disponível e disposto a comprar este tipo de veículo. Então tem que existir uma consciência da população que esse veículo tem origem ilícita, prejudicando alguém", declarou o coordenador da operação Hircus, Cláudio Piazzarollo.

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