Tenistas contam rotina estressante de torneios para subir no ranking da ATP

29/10/2014 16h50


Fonte Globoesporte.com

Vida de tenista profissional não é fácil. Para cada Rafael Nadal ou Roger Federer ganhando milhões nos Grand Slams, existem centenas que vivem uma vida de sacrifício para se manter na carreira. Passando mais tempo em aeroportos do que na própria casa, aqueles muito abaixo no ranking da ATP tem que abdicar do convívio com família e amigos para lutar pelo sonho de ser um atleta de ponta.

Para quem já é um tenista de ponta, a carreira pode ser mais seletiva, com o atleta disputando apenas alguns torneios previamente selecionados. Para quem ainda busca um lugar entre os melhores, a necessidade de competir para poder pontuar e, assim, subir no ranking, é bem maior. Há um caminho a ser trilhado, passando pelos torneios nível Future, com pontuação e premiações mais baixas, Challenger, em competições de nível mediano, e ATP, onde jogam os atletas de ponta, geralmente entre os Top 100. Além disso, os competidores menos conhecidos e com patrocínios menores ainda tem que disputar os chamados torneios de grana, que não dão pontuação no ranking, mas que as premiações ajudam a custear as participações no circuito profissional. As condições, claro, nem sempre são as melhores.

- Para gente é mais duro, porque a nossa forma de torneios é pior do que um Grand Slam. Eles só jogam em lugares magníficos, a gente tem que ir para uns que a gente não sabe nem como vai chegar. A partir de que tu vai subindo no ranking, as coisas vão melhorando também – conta o gaúcho Fabrício Neis, que esteve em Teresina no fim de semana disputando o Piauí Open.

A rotina para acompanhar esse ritmo de competições não é fácil. O tempo com a família é reduzido com períodos de mais de 30 dias de ausência, viajando de um torneio para outro, sem escala para descansar. Nessas horas, é a internet e as mídias eletrônicas que salvam o convívio com as pessoas queridas.

- Antes era muito pior por não ter contato por celular, o que hoje me mantém muito ligado à minha família, mesmo não estando ao vivo. A convivência é mais eletrônica do que pessoal – diz Fabrício.

E se engana quem pensa que essas viagens são também uma forma de turismo. Com pouco tempo separando um torneio do outro, as horas tem que ser aproveitadas o máximo possível, não com diversão, mas cuidando do físico.

- A gente tenta descansar o máximo. Quando chega em um lugar de competição, tenta fazer um treinamento e o resto é só descansar. Não tem badalação, não dá para visitar muita coisa. Já fui muitas vezes para Europa e voltava para casa sem conhecer nada, porque não dava tempo – relata o gaúcho.

Mas nem tudo são reclamações. O amor pelo esporte e o sonho de um dia chegar às principais competições fazem com que as dificuldades sejam esquecidas e, de certa forma, até desejadas, como conta o paulista Augusto Laranja, que também disputou o Piauí Open no último fim de semana.

- Rotina estressante, um pouco cansativa, mas tem que gostar. A gente que escolheu essa profissão gosta de estar viajando. Fica 3 ou 4 semanas fora e sente saudades de casa, mas passa uma semana já está louco para viajar e competir de novo. A gente tem essa necessidade de está competindo, jogando, indo em busca do que a gente escolheu – finaliza.